PVNC Cabuçu, Realizando Sonhos – 23-03-2009 - Para o site www.jovemreporter.blogspot.com
Por Fernanda Bastos da Silva
Ingressar no ensino superior em uma renomada universidade pública não é mais um sonho distante ou apenas realizado por quem nasceu em berço de ouro. A cada dia, crescem as iniciativas, comunitárias ou políticas, que visam oferecer uma oportunidade aos menos favorecidos, estudantes das camadas mais pobres da sociedade. Os chamados Pré-vestibulares comunitários, sociais ou similares, surgidos a partir da década de 1990, em especial no Estado do Rio de Janeiro, já ajudaram milhares de estudantes, trabalhadores e até mesmo idosos a conquistarem esse direito de cidadão. O primeiro deles surgiu no ano de 1993 em São João de Meriti, Baixada Fluminense. O chamado Movimento Pré-vestibular para Negros e Carentes (PVNC), composto por vários núcleos em todo o Estado. De lá para cá inúmeros outros foram criados.
“O PVNC ampliou meus horizontes sociais e políticos, modificou meu conceito de solidariedade, me possibilitou novas amizades e uma diversidade enorme . Permitindo-me ingressar nas Universidades Públicas.” Márcio Fontes - 29 anos Coordenador e Professor faz parte da grande família PVNC desde 2002, Já foi aprovado na UFRRJ (Rural) para o curso de Pedagogia e na UERJ para o curso de Português e Latim. Ele disse que conheceu o “Pré” através de um professor de matemática (Marcelão, também ex-aluno e formado pela UFRRJ). Márcio encerra nossa entrevista dizendo que: “...alguns querem apenas status, não se importam de verdade com o PVNC e isso é o que nos entristece”.
Luiz Vitória – 45 anos também Coordenador diz: “Estou no PVNC desde 2005 e costumo dizer o seguinte: Não há vitória sem sacrifício. Gosto dessa frase! Sacrifício significa abrir mão de fato das coisas que gostamos. É uma renúncia. (...) Sempre gostei da “causa social” (...) Percebi que não fazia nada por NI, pois trabalhava no Rio, então conheci o PVNC através de amigo. (...) É satisfatório demais, digo que não temos pernas, todos aqui são voluntários e temos apenas os fins de semanas e isso não é o bastante”. Luiz cursa Direito na Universidade Gama Filho- Rio de Janeiro.
Pensei que seria bom falar com alguém que foi aluno, depois passou a fazer parte da coordenação e tornou-se professor do PVNC Cabuçu, permanecendo por 6 anos ininterruptos no movimento; metade da história do pré (e por incrível que pareça esse alguém é meu noivo). Edson Borges Vicente – 26 anos. Ele ingressou no PVNC em 2003 como aluno, colaborou com os procedimentos burocráticos dos vestibulares realizados por seus amigos de turma ainda no tempo em que quase nada era informatizado. Aprovado para Geografia UERJ Baixada Fluminense (FEBF) e Química (CEFETQ) ele disse que foi “convidado” a fazer parte da coordenação “obrigatoriamente”. No ano de 2004 assumiu as três funções: professor (Física e Geografia), coordenador e aluno (pois ele não desistiu de tentar novamente para o Campus Maracanã da UERJ, com o sonho de também cursar o bacharelado - além da licenciatura- em Geografia, no qual também obteve êxito). Para ele o pré-vestibular é parte de sua vida. Disse dever metade de suas conquistas aos amigos que lhe acolheram e que passaram a ser seus companheiros de luta.
“Através dele (PVNC Cabuçu) conquistei minha(s) vaga(s) na universidade; aprovação em concurso público para a Prefeitura de Paracambi; meu emprego público na Prefeitura de Nova Iguaçu (Ag. Educador da SEMASPV); desenvolvi minha profissão de professor; vi ampliar meus horizontes culturais e meu senso crítico; fui aprovado no Magistério Estadual (SEERJ), conheci grandes amigos que me ajudam até hoje e identifiquei os meus verdadeiros amigos (entre eles, Gilson Bispo) que me incentivaram a lutar e até mesmo conheci e conquistei minha noiva e futura esposa, que hoje trabalha comigo e que me deu o orgulho de também ser vencedora no vestibular (Minha noiva-jovem-repórter Fernanda Bastos) (...) Espaço de cidadania; escola; roda de amigos; trabalho e Família. Isso é o PVNC Cabuçu pra mim”. Disse ele.
Como visto, eu também fui aluna do pré e graças a ele comecei a conquistar espaço e buscar crescimento profissional e social em várias áreas, a valorizar a luta de iniciativa popular e venci. Hoje sou graduanda em Gestão Ambiental pelo IST Paracambi da SECT-RJ/FAETEC e reconheço a grande importância do Movimento. Na coordenação busco retribuir o valor que me foi acrescentado pelos militantes e, como a primeira universitária de uma família de oito irmãos, ver a minha aprovação como a primeira de uma mudança estrutural que continua com minhas duas irmãs (Isabele e Ingrid Bastos) tornando-se alunas do PVNC Cabuçu neste ano.
Quem deseja conhecer um pouco mais do PVNC Cabuçu basta acessar o site ou ir ao C. E. Sgto Antônio Ernesto (CESAE) aos sábados e domingos para encontrar uma galera que está “correndo atrás” dos seus sonhos e que está mudando a cara de sua comunidade.
Beijos!!!
O que fazer qunado a administração de um pvnc esta lucrando finaceiramente com o movimento?
ResponderExcluirCaro João, o PVNC é um movimento Laico, apartidário e auto-sustentável que basea-se no trabalho voluntário. Qualquer caso de desvio de recursos deve ser apurado e punido. Para isso a comissão fiscal (se houver) tem a responsabilidade de avaliar o balanço apresentado pela tesouraria. Casos extremos devem ser lavados ao conselho geral para afastamento de membros da coordenação ou banimento do núcleo do movimento em caso de rebelião. Mesmo os núcleos tendo muita autonomia eles carregam consigo o emblema do primeiro movimento pré-comunitário do Estado e o segundo do Brasil que possui uma Carta de Princípios que ditam os parâmetros fundamentais que devem seguir os núcleos.
ResponderExcluirMais, contate-me por e-mail geografoedson@gmail.com
Grande abraço!